Depois
de se reunirem em "The Expendables" e "The Expendables
2", Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger dividem o
protagonismo em "Escape Plan", um filme de acção a fazer
recordar tantas outras obras que estes actores protagonizaram nos
anos 80. "Sly" e "Arnie" procuram recuperar o seu
"mojo" após os fracassos de "Bullet to the Head"
e "The Last Stand", tendo em "Escape Plan" um
"Prison Break" com esteróides que permite fazer a dupla
sobressair, com Mikael Håfström a ter consciência que o cerne do
filme passa pelo relacionamento dos protagonistas e a fuga da prisão,
sempre com muita acção e pancadaria. Apesar de estar recheado de
one-liners, alguns diálogos de qualidade duvidosa, explicações nem
sempre credíveis, algum humor e momentos pouco plausíveis, "Escape
Plan" procura no seu primeiro terço construir algo de
verosímil, ao apresentar-nos a Ray Breslin (Sylvester Stallone), um
antigo advogado, agora especialista em fugas da prisão, que trabalha
numa empresa de segurança privada especializada em expor as brechas
de seguranças nas instituições prisionais. Logo nos momentos
iniciais somos apresentados à perícia do protagonista, tudo com um
conjunto de explicações que procuram dar alguma inteligência à
narrativa, com Ray a parecer um Michael Scofield musculado, mas
igualmente perito na arte da fuga das prisões. Este mantém uma
relação de proximidade com Abigail (Amy Ryan), uma colega da
empresa de segurança, e de amizade com Hush, o seu informático de
serviço (50 Cent, completamente deslocado), sendo convidado a
participar na missão mais arrojada e perigosa da sua carreira.
Uma
agente da CIA convida Ray a procurar fugir de uma prisão privada,
elaborada com fundos privados, que contém no seu interior um
conjunto de detidos que não foram julgados, fazendo parte da escória
da sociedade. Ray ainda reluta, mas a conselho de Lester Clark, seu
sócio na empresa, logo acaba por aceitar a missão. Como seria de
esperar, tudo corre mal. Ray fica sem o sinalizador que poderia
conduzir a que os seus colegas o encontrassem, o director da prisão
(Jim Caviezel como Hobbs) não está disposto a deixá-lo sair e conta com um conjunto de
guardas violentos, dos quais se destaca Drake (Vinnie Jonnes). Na
prisão, conhecida como "The Thomb", Ray dá de caras e
bate de frente com Emil Rottmayer (Arnold Schwarzenegger), um
indivíduo que se encontra detido devido a saber informação
confidencial sobre Mannheim, o seu suposto chefe. Emil e Ray logo
formam a típica dupla carismática dos filmes do género, indo pelo
caminho lutar contra todas as adversidades, incluindo o impiedoso e
unidimensional Hobbs, sempre com muitos socos, tiroteios, planos
mirabolantes e reviravoltas, tendo em vista a fugirem da prisão. O filme lança ainda alguns personagens
secundários como o médico interpretado por Sam Neill e presos
árabes que acabam por ajudar na fuga, mas são quase tão
descartáveis como a subtrama relacionada com a história do passado
de Ray, com o argumento do filme a revelar todas as suas debilidades
quando Mikael Håfström decide esticar a corda ao máximo e
desenvolver uma obra cujo argumento é incapaz de sustentar as suas
quase duas horas de acção e criar um sentimento de urgência na
fuga, deixando todas as atenções centradas na reunião de
Schwarzenegger e Stallone.
Arnold
Schwarzenegger e Sylvester Stallone cumprem com os seus papéis,
demonstram carisma e ainda debitam one-liners que ficam na memória,
tal como "bates como um vegetariano", com o personagem do
primeiro a provocar o segundo em plena luta. No entanto tudo falha no
desenvolvimento dos personagens secundários, com 50 Cent a
esquecer-se que não basta colocar óculos para parecer intelectual,
Jim Caviezel a surgir como o típico vilão unidimensional e Vinnie
Jonnes a mostrar o seu ar temível tal como tinha quando estava em
campo e pronto a apertar as partes baixas dos adversários. Junte-se
a tudo isto um argumento que parece estar mais preocupado em apostar
no carisma da dupla de protagonistas e em diálogos pueris que
embaraçariam muitos actores, mas que em Schwarzenegger até causam
algum efeito (desta vez até fala alemão) e ficamos com uma obra
desequilibrada no seu todo, que apresenta algumas cenas de acção
bem elaboradas, uns planos interessantes (veja-se quando a câmara é
colocada no topo, apresentando a prisão de cima para baixo, algo que
adensa a atmosfera algo opressora do filme), embora longe de níveis
de excelência, enquanto a dupla de protagonistas mostra ainda estar
para as curvas. É exactamente neste entusiasmo que Stallone e
Schwarzenegger parecem nutrir pelos seus papéis que muito se salva
neste filme, com a história da fuga da prisão a revelar-se a
espaços interessante, as cenas de acção a conterem alguma energia,
enquanto nos lembramos que no ecrã estão só duas das grandes
lendas do cinema de acção dos anos 80 e início dos anos 90, que no
último terço protagonizam um dos muitos momentos impossíveis que
tanto tem marcado as obras das suas carreiras.
Classificação: 2 (em 5).
Título original: "Escape Plan".
Título em Portugal: "Plano de Fuga".
Título no Brasil: "Rota de Fuga".
Título no Brasil: "Rota de Fuga".
Realizador: Mikael Håfström.
Argumento: Miles Chapman e Jason Keller.
Elenco: Sylvester Stallone,
Arnold Schwarzenegger,
Jim Caviezel,
Vinnie Jones,
Amy Ryan,
Vincent D'Onofrio,
50 Cent,
Sam Neill.
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